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Do lixo ao luxo: a história do meu Fiat Coupe.

Qualquer entusiasta automotivo já assistiu a um programa de restauração de carros. Canais como o Discovery Turbo nos bombardeiam com esse tipo de conteúdo diariamente, seja com programas como o Overhaulin', onde uma equipe restaura um carro para um feliz proprietário, seja no formato "reforma e vende", como o famoso Wheeler Dealers. Me recuso, aqui, a mencionar o Lata Velha.


Toda essa exposição a programas nesse formato acaba acendendo em qualquer apaixonado uma vontade de encarar o desafio de reformar ou restaurar algum carro e ter aquela sensação de salvamento, de que salvou uma provável sucata de um destino cruel. E comigo não foi diferente.


Comprar um Coupe para reformar nunca foi meu primeiro plano. Na verdade, comprar o Coupe nunca foi um plano real, era apenas um devaneio distante, um sonho praticamente impossível de se concretizar. Até que um Coupe digno de qualquer programa de restauração apareceu na minha vida.



Comprando um carro pela internet.


Como qualquer cabeça de gasolina, eu sempre fui um cara que ficava zapeando os sites de vendas de carros procurando por algo que nem eu sabia o que era. Perdi as contas de quantos anúncios de Fiat Coupe eu vi na minha vida, algumas centenas com toda a certeza. Porém, com as responsabilidades da vida adulta, gastar mais de R$ 20 mil em um carro 1995 era um pouco distante da minha realidade.


Certo dia, no entanto, um anúncio em especial me chamou atenção: um Fiat Coupe azul (minha cor favorita!) à venda por um valor irrisório em Florianópolis/SC. O anúncio dava o carro como sucata, à venda para tirar peças. Mas não podia ser, aquele Coupe estava inteiro demais para ser condenado ao ferro velho.

Foto do anúncio do Coupe em julho/2017 - Teto queimado e alguns amassados na lataria.

Obviamente o carro precisava de muitos cuidados, mas não a ponto de ser jogado no lixo. Entrei em contato com o dono que me explicou que ficara abandonado por 6 anos em um galpão, mas que funcionava o motor vez ou outra e que as trocas de óleo estavam em dia. Pedi a um amigo de Florianópolis (obrigado Raoni!) para ver o carro e ele me confessou que, se eu não comprasse, ele compraria!


Coupe sendo carregado em Florianópolis/SC.

Conversa vai, conversa vem, levantei a situação do documento do carro e, para minha surpresa, resgatá-lo não seria tão difícil. Joguei a proposta, o antigo proprietário aceitou e voilà, eu era o feliz proprietário de um Fiat Coupe Blu Blitz!


Durante as 2 semanas que o carro demorou para chegar, eu creio ter zerado todos os vídeos sobre o Fiat Coupe no YouTube. Umas 5 vezes.


Apenas a título de curiosidade, para quem não sabe como funciona o transporte de um carro comprado a uma distância tão grande: entrei em contato com uma transportadora (existem várias na internet) e me foi passado um orçamento de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) - isso em 2017 - para pegar o carro com um guincho na casa do antigo proprietário, carregar em uma cegonha em Florianópolis, descarregar em São Bernardo do Campo/SP, carregar em outra cegonha para São Carlos/SP e trazer de guincho até a porta da minha casa. Todo esse trâmite durou pouco mais de 2 semanas. Praticamente um delivery de carro, um iFood automobilístico.



Chegada e reforma.


Lembro exatamente da sensação que tive quando vi o Coupe ao vivo pela primeira vez: foi um misto de alegria e desespero. Alegria pois o carro que eu sempre sonhei estava ali, na minha frente. Desespero pois a situação era um pouco pior do que aparentavam as fotos.


Coupe no dia em que recebi a "encomenda".

Caolho, sem funcionar, pneus mofados, um ninho de baratas no porta-malas. Eu sei que deveria estar preparado pro pior, dado o abandono do carro por 6 longos anos, mas quando me deparei com aquela situação o primeiro pensamento que me veio à cabeça foi "o que foi que eu fiz?".


Bom, como diz o velho ditado, "se não tem solução, solucionado está". O carro estava ali, a documentação já estava resolvida, me restava encarar o desafio e estabelecer as prioridades.


A parte elétrica estava completamente comprometida.

No primeiro dia, meu mecânico de confiança veio até a minha casa para tentarmos fazer o motor girar. Mexe daqui, fuça dali, umas batidinhas acolá. Pronto, o motor, mesmo falhando muito, funcionou. Era o suficiente para eu conseguir levar o carro até o Auto Elétrico para ver a situação da parte elétrica, em especial alguns fios comidos por ratos com o passar dos anos (o pobre do Coupe sofreu).


Foram 2 semanas no Auto Elétrico refazendo a fiação em um serviço que no final das contas acabou não saindo muito caro, aproximadamente R$ 650,00 (isso lá em 2017). Nesse período foram arrumados os vidros elétricos, os retrovisores elétricos e os faróis, pois nada funcionava. Terminada a parte elétrica, direto pra funilaria!


Por incrível que pareça, os anos abandonados acabaram por não ser tão duros com o Coupe quanto à estética. Isso porque o interior estava completamente intacto, sendo que a parte de funilaria só era necessária no exterior do carro. E mesmo assim, apenas alguns amassados é que davam mais dor de cabeça, no mais era um banho de tinta. E foi isso que foi feito.


Após 1 mês na funilaria o carro estava quase pronto.

Enquanto o carro fazia a parte de funilaria, paralelamente mandei polir os faróis, pintar as máscaras novamente de pretas (vieram prateadas) e fazer algumas peças que estavam faltando em fibra de vidro.


Acabamento do retrovisor em fibra de vidro.

Um mês de ansiedade se passou até que finalmente eu pudesse pegar o Coupe na funilaria. A pintura externa me custou, em agosto de 2017, R$ 5.000,00 (cinco mil reais), um valor que hoje em dia soa bastante razoável. Terminado o serviço era só sair rodando... Se o carro funcionasse!


Pois é, no dia em que tirei o Coupe da funilaria os anos parados resolveram dar as caras e o carro simplesmente não funcionava. Mas isso é assunto para outro post, já que toda a saga mecânica do Coupe merece um capítulo à parte. Quem vê o carro hoje rodando diariamente e cortando as estradas do Brasil nem imagina a epopeia que aconteceu até chegar nesse ponto.


Mas o que realmente importava, naquele momento, é que eu tinha salvo um dos poucos Fiat Coupe restantes no Brasil. E ele agora era meu xodó e viria a ser meu grande companheiro de viagens por esse mundo afora.


Nas próximas semanas irei contar a vocês toda a saga do motor do Coupe, os problemas crônicos, a dificuldade com peças, tudo. Aguardem!



 
 
 

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